sábado, 28 de março de 2015

Bispo de Beja apoia posição do PCP sobre o regadio do Alqueva


O debate sobre o tema Alqueva, desafios para a pequena propriedade, realizado ontem de manhã pela Caritas Diocesana de Beja, decorria sem sobressaltos, quando o bispo de Beja, D. Vitalino Dantas, pediu a palavra para lançar um desafio ao presidente da Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva (EDIA) José Pedro Salema.

 Este referira-se antes aos problemas criados pela existência na zona de regadio de cerca de 20 mil hectares de pequena propriedade.

 Surpreendido, o auditório com uma centena de pessoas, na sua maioria ligadas a organizações de apoio social, ouviu atentamente o bispo. D. Vitalino Dantas, nascido na região minhota, trouxe para o debate um tema escaldante: “Há 14 anos, o PCP avançou uma proposta em quedefendia que as parcelas no regadio do Alqueva não deveriam superar os 50 hectares”, lembrou.

Cruzam-se olhares espantados e ouve-se dizer: “Ele está a falar de quê?”

O prelado referia-se a um projecto de lei apresentado pelo PCP em 2001, sem sucesso, que estabelecia “um limite de 50 hectares” para as explorações agrícolas das áreas abrangidas pelo perímetro de rega de Alqueva.

D. Vitalino Dantas acrescenta um desejo: seria vantajoso para a região se “os grandes proprietários arrendassem os seus latifúndios”.

Ao PÚBLICO, fundamentou a ousadia da sua proposta. A doutrina social da Igreja é clara: “A função social da terra está em oposição ao princípio do direito absoluto que ainda condiciona as mentalidades” e no Alentejo “há empresas agrícolas que são associais, e criadoras de pobreza”.

Carlos Dias
Publico/Agricultura

 

Sem comentários: