domingo, 22 de julho de 2012

Morreu Pedro Ramos de Almeida


Transcrevo a notícia e biografia da autoria do filho Nuno Ramos de Almeida, e transmito a ele, à Manuela Barreto, ao João e ao irmão, os meus sentimentos e homenagem.

Pedro Ramos de Almeida, escritor e ex-dirigente do PCP, morreu hoje aos 80 anos em Lisboa, vítima de insuficiência respiratória, disse à agência Lusa fonte familiar.

Ramos de Almeida estava internado há semanas no Hospital Pulido Valente, em Lisboa.

PEDRO MANUEL RAMOS DE ALMEIDA nasceu em Lisboa em 23 de Março de 1932. Lincenciado em Direito, foi político, escritor e professor.
Membro do Movimento de Unidade Democrática Juvenil (MUD Juvenil) desde os 18 anos, foi preso em 1954, torturado e sujeito à tortura do sono, e condenado a quatro anos de prisão. O longo julgamento dos 55 membros da Comissão Central do MUDJuvenil, entre os quais o futuro presidente de Angola Agostinho Neto, envolveu dezenas de advogados e decorreu no Tribunal Plenário do Porto entre 1955 e 1957.
Enquanto estudante de Direito foi um dos líderes da luta dos estudantes das três Academias (Lisboa, Porto e Coimbra), em 1960, contra o célebre Decreto-Lei n.º 40900, aprovado pelo Governo em 1956, que visava controlar a actividade das associações de estudantes. Na iminência de nova prisão foi para Paris, como quadro clandestino do Partido Comunista Português.
Em 1962, como dirigente do PCP esteve em Praga (antiga Checoslováquia), onde representou o partido junto de revistas internacionais dos Partidos Comunistas.
A partir de 1964, viveu cinco anos em Argel, onde, como membro do Comité Central do PCP, tinha assento na Junta Revolucionária Portuguesa, órgão dirigente da Frente Patriótica de Libertação Nacional. Foi responsável, nomeadamente, pela rádio Voz da Liberdade, que emitia para Lisboa através de Argel.
Entre 1969 e 1971 esteve na clandestinidade em Portugal, onde foi responsável pelo sector intelectual de Lisboa. Regressou a Portugal, nos finais de 1971, após o seu padrasto e advogado, Fernando Abranches Ferrão, ter tido a garantia de não haver processos contra ele, tendo começado a militar de imediato na CDE, organização da oposição que integrava comunistas e outros anti-fascistas.
À data do 25 de Abril de 1974 era dirigente do MDP/CDE.
Para além de inúmeros artigos para rádio, jornais e revistas, escreveu os seguintes livros:
Salazar, Biografia da Ditadura; O Assassínio do General Humberto Delgado. A Armadilha; Portugal e a Escravatura em África. Cronologia dos Sécs XVI-XVIII; História do Colonialismo Português em África. Cronologia do Séc XIX; A Questão do Vietname; O Processo do Salazarismo (Relatório sobre Portugal); Dicionário Político de Mário Soares; e País da Só Mudança (poesia).
Pedro Ramos de Almeida encontrava-se a escrever um livro sobre a história do MUD Juvenil.
Membro do Partido Comunista Português, era casado com Manuela Barreto e pai dos jornalistas João Ramos de Almeida (Público) e Nuno Ramos de Almeida ( i ) e irmão do médico pediatra José Miguel Ramos de Almeida.

1 comentário:

Anónimo disse...

Lamento muito o falecimento de Pedro Ramos de Almeida, com quem tive algum contacto no pós 25 de abril no âmbito da juventude do MDP/CDE. Guardo um sentimento de grande dedicação, proximidade e compreensão da geração mais nova e amizade.